"os jornalistas são os melhores filhos da pátria". Esta presunçosa frase pertence a Salomão Moyane, jornalista decano e actual vogal da CNE.
Amigos, este introito não vem ao acaso. É que o jornalismo têm um privilégio exclusivo que outras profissões não têm. Através da agenda setting, nós definimos a agenda da sociedade. Nós definimos os temas e o que as pessoas devem conversar nas esquinas e ruas. Ainda mais, nós temos o privilégio de sugerir como as pessoas devem conversar. Esse privilégio torna a nobre a profissão e aumenta a responsabilidade que nós temos na definição da nossa pauta e no exercício do ofício.
Escrevo-vos preocupado com o enquadramento que, de forma recorrente, atribuem ao abordar sobre as manifestações. Para vocês, tudo gira em torno dos danos à economia.
Nas vossas matérias nos sugerem para uma análise dos impactos económicos da manifestações. Amigos, diabolizar as manifestações porque criam danos negativos a economia é reduzir o problema ao mero capitalismo selvagem. Pior ainda é legitimar o discurso das elites predadoras sempre preocupadas com o lucro financeiro. Amigos, vocês não são economistas, são jornalistas. Um bom jornalista sabe que uma boa peça cose-se pela diversidade de fontes e perspectivas. Por quê não falam da causa que leva as pessoas a manifestar? Esqueceram-se da justiça eleitoral? Lembrem-se vocês são jovens também.
Elites não estão na rua. Quem está na rua é povo oprimido por uma economia que somente favorece aos ricos e empobrece ainda mais os pobres. Falem também com o povo e perguntem porquê está na rua.
Já agora, aqueles não são membros do PODEMOS. São moçambicanos revoltados e movidos por uma causa superior a mera economia discriminadora.
O povo manifestante não é violento, como sugerem as vossas peças. As políticas do país é que violentam as pessoas.
A polícia não é "obrigada a usar balas para dispersar os manifestantes". Ela é violenta, instrumentalizada para proteger e cumprir "Ordens Superiores".
Não é VM instrumentalizando as pessoas. O povo perdeu o medo. Chego até a pensar, que o povo é que está a instrumentalizar VM.
Não venham se justificar da linha editorial para o que fazem. Não existe linha editorial, existe um bom e mau jornalista.
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