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Manuel Clemente: “Não temos, como noutras alturas, grande nomes 'papáveis' à partida”

Manuel Clemente: “Não temos, como noutras alturas, grande nomes 'papáveis' à partida”
Com um colégio Cardinalício com tanta variedade de proveniências e experiências eclesiais, Manuel Clemente diz que os próximos dias são para “escutar e aproximar sensibilidades”. 
Manuel Clemente, um dos quatro cardeais eleitores portugueses com assento no conclave que elegerá o sucessor de Francisco parte para Roma na convicção de que, “ao contrário de outras alturas, não temos à partida grandes nomes papáveis”.  

O Cardeal-Patriarca Émerito de Lisboa realça a “variedade de proveniências e experiências eclesiais” do Colégio Cardinalício, renovado por Francisco ao longo dos 12 anos de papado com o propósito de o tornar mais eclético e aberto ao mundo. Por isso, Manuel Clemente reforça e antecipa a importância das muitas reuniões que se avizinham, preparatórias da votação final, nas quais sensibilidades diferentes apresentarão argumentos, contarão inimigos e aliados. “No atual colégio cardinalício temos agora de nos conhecer melhor, provindos que somos de todos os continentes. Para isso servem os dias que passaremos em Roma, antes do conclave, escutando e aproximando sensibilidades e propostas”, diz, para concluir da dificuldade de avançar nomes ou provável proveniência geográfica do próximo Papa. “Veremos o que o Espírito Santo há de fazer decerto”.  

Depois de um papado tão vivido, centrado no evangelho e numa igreja que quis para “todos, todos, todos”, que perfil deve ter o sucessor de Francisco? Manuel Clemente não hesita: “Para suceder ao Papa Francisco, na situação atual da Igreja e do Mundo, o seu sucessor seguirá o mesmo caminho de reforçar a Igreja como Povo de Deus, em que cada batizado/a ganhe consciência do que deve ser como sinal de Cristo no mundo, com responsabilidade própria e conversão permanente”. Porém, contorna a questão que agora igualmente tem lugar, - depois da passagem de Jorge Bergoglio pela cadeira de Pedro, aceitarão os crentes um chefe da Igreja muito diferente? – para traçar linhas, cruzadas, de inclusão e exigência. “A Igreja tem de ser um espaço de verdadeira comunhão entre todos e exigência evangélica para cada um, clero sem clericalismo e fiéis conscientes e ativos”. O "sinodal", palavra que significa caminhar em conjunto deverá estar em cada mente, “compartilhando vivências e responsabilidades”. Manuel Clemente procura a marca de Francisco: “a Igreja deve ser simples, da simplicidade evangélica. que se resume em dizer sim a Deus, em louvor, e sim aos outros, em serviço. E em purificação permanente de intenções e comportamentos”. Uma forma, diz “de prestaremos um grande serviço ao mundo em geral, como exemplo e como estímulo para todos”. 

Por último, sublinha uma das prioridades de Francisco: estreitar, “como o Papa fez”, laços ecuménicos e inter-religiosos, “no sentido da paz e do entendimento entre os crentes e todas as pessoas de boa vontade. 
Para os crentes, agora, “é tempo de oração, para coincidirmos com a vontade de Deus. E de esperança, porque Deus não falha”.

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